Páginas

sábado, 26 de março de 2011

Pequeno príncipe do terceiro mundo


O PEQUENO PRÍNCIPE DO TERCEIRO MUNDO
(Denise Santiago)


Sou de um país que tem a alma leve
Tenho a alegria dentro de mim
A maior riqueza que uma terra pode dar

Venho de longe, de um ponto perdido no mapa
Meus versos ecoam por todos os mundos
Transformo palavras em sentimentos
Falo todas as línguas, interpretando o amor

Sou uma criança cheia de sonhos
Passeio sem medo na escuridão das noites
Descanso meus pensamentos nas asas da imaginação

As portas se fecham, as portas se abrem
Não me importo, sempre encontro uma saída
As dores não duram mais que um segundo
O remédio que me cura é milagroso

Vivo sob a proteção dos céus
E de um coração puro que abriga uma sereia
Que me empresta a sua voz

Vim para ficar
Rasgo o seu livro cheio de regras
Suspendo todas as guerras
Em nome de um Deus que você esqueceu

Meus desejos se realizam apoiados na fé
A missão que eu tenho é maior do que eu
Sou apenas um poeta, neste pequeno mundo meu


sexta-feira, 25 de março de 2011

She

Ela tem um sol guardado nela mesma, eu sei que tem, mas ela mesma esconde por ter se esquecido dele.

(K)

quinta-feira, 24 de março de 2011



Invariavelmente a centelha divina parece se apagar como uma vela no sopro e vem aquele medo do breu, do que não se pode ver, da incapacidade de enfrentá-lo por não ter olhos para vê-lo. E a vontade é de recuar, encolher-se e se aquietar num canto até que uma luz surja de algum lugar, seja vinda de dentro para fora ou de fora para dentro, não importa.

(K)

Pequeno espirro de reflexões



E como num susto, uma luz para todas as dores do mundo vem até mim em uma descarga e tudo fica azul. O ar mais leve. Mas ainda que eu tente evitar, o sono me desconecta para um novo dia e ao abrir dos olhos, torço para que ainda esteja no paraíso. E quando me decepciono, tenho a oportunidade de escalar até esse doce lugar por aventura e esforço próprios.
(K)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tip 4 u

Um site que engloba vários assuntos de um ponto de vista interessante!
De cultura, cinema, música até fama via internet, reportagens sobre intercâmbios, e outros.
Bizóie: "Outros Olhos"

segunda-feira, 14 de março de 2011

Simon's cat - So cute!

Ela caminha sobre estrelas...

...a cada salto, menos menina e mais constelação. Assim ela caminha. Se dissolvendo, ouve em suave sussurro o som infinito vindo mágica e contraditóriamente do vácuo sem fim; o som de tudo e agora também o seu.
As palavras não ditas, palavras tatuadas feito feridas e desentendidas caem de seus olhos verde-mar. Sendo lavadas em lágrimas, soletram-se salgadas do céu...


Onde pingam suas salgadas gotas, brota-se uma pequena vida. Delicada. Porém há força em sua fragilidade, pois apenas das mais amargas lágrimas pode-se erguer as mais imponentes, e belas fortalezas.
Tornado seu sal belos jardins, com a doçura que há, ela pinta o crepúsculo de rósea aquarela, cujos raios penetram os olhos atentos que passam e ali se expandem, se fixam, como uma doce semente pronta para os religar ao infinito. Sementes todas de amor.
E quanto mais ela se doa, mais tem dentro de si.

(K)

O menino que carregava água na peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos. 
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. 
A mãe disse que carregar água na peneira 
Era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para 
mostrar aos irmãos. 
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água 
O mesmo que criar peixes no bolso. 
O menino era ligado em despropósitos. 
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos 
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que 
do cheio. 

Falava que os vazios são maiores e até infinitos. 
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito 
Porque gostava de carregar água na peneira 
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar 
água na peneira. 

No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge 
ou mendigo ao mesmo tempo. 
O menino aprendeu a usar as palavras. 
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. 
E começou a fazer peraltagens. 

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando 
ponto final na frase. 
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. 
O menino fazia prodígios. 
Até fez uma pedra dar flor!

Manoel de Barros, Exercício de ser Criança

sexta-feira, 11 de março de 2011

Notícia corriqueira...



Punhos de rosas cor de sangue avançam sobre o asfalto. Penetram a fumaça lagrimogênea com suas perigosas pétalas de veludo. Vão rasgando as almas, uma a uma, sem dó ou piedade, das pobres balas de chumbo a aguardarem o comando de largada.


As ordens são gritos em berros.
As rosas avançam ferozmente em marcha lenta. Têm de ser detidas, não há outra escolha.
Primeiro o comando, depois a respiração estrangulada no peito, o som bruto e assombroso dos canos negros. A fumaça, silêncio e o ar pesado e turbulento. O mar de punhos era agora monocromático, daquela cor injusta das pétalas cor de sangue, todas deitadas no asfalto. Brotavam despedaçadas das rosas, brotavam do asfalto e dos peitos em sono profundo, dos olhos de quem tudo viu e vê, das balas de chumbo prostradas em brasa.
A dor de quem dirá que fora tudo em vão.
(K)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Para você rir!

Trailler de BioShock Infinite e Assassin's Creed, trilha sonora de Toby. Mas a legenda é em inglês, sorry!

Fatos & Fotos de Viagens




Fatos & Fotos de Viagens


Para conhecer um pouquinho da misteriosa Índia, seu povo, cultura e segredos, nada mais ideal que através das lentes de um viajante. Clique no link acima e boa viagem.

sábado, 5 de março de 2011

Os artistas não temem a solidão

Todos somos, no fundo, artistas. E tem dons que só os artistas possuem! Contemple este poema de Margareth Franklin e descubra-se!


Os artistas não temem a solidão.
Antes fazem dela aliada
na busca incansável por imagens
que viram linguagens e depois
tornam a virar imagens
para alimentar a imaginação humana.

Quem iria prestar atenção ao ambulante
que carrega dezenas de bolas coloridas às costas
como se fosse um Atlas a carregar mundos?

Quem se importa com os desenhos
que os galhos derrubados das velhas árvores
fazem no chão depois da ventania ?
Quem captura um sorriso
jogado ao ar das ruas da cidade?
Ou o brilho no olhar de alguém
que passa com pressa,
esgueirando-se no tráfego?

Quem vê as formas das nuvens
ou as gotas de chuva?
Quem trata de guardar os sons
dos insetos na mata sob o sol?
Quem ainda acredita em utopias
como o desejo de liberdade?
Quem não sucumbe ao medo da morte
 porque sabe muito sobre
o quanto vale a vida?

Por isso os artistas são tão temidos.
Por desvendarem outra lógica
que a obedecida pela maioria.
Ou outra ordem que é capaz
de contrariar interesses ou verdades.
Por isso muitos são submetidos às agruras da escassez,
do anonimato, do esquecimento, das traições.

Os que veneram o poder e as riquezas
e os que se vendem a esses,
pagam o preço alto de perder
o encanto do acaso,
o inesperado das formas,
a sensibilidade tátil do mundo.

A esses a arte nunca se mostrará.
Porque mesmo que se mostrasse
eles jamais seriam capazes de perceber.

Margareth Franklin, "Arte Movimento"

Quando a aceleração gravitacional não é mais uma constante



Estaciono a carcaça sob as cobertas, lembro de fechar seus olhos. Pareço até estar dormindo.

O ar está denso, opacamente condensado. Seu peso sobre o corpo faz parecer que a gravidade está mais disposta naquele dia. Enquanto a carne jaz sobre a cama pesando e sem querer lutar contra esta força, visito sem ele os cenários de um sonho ou outro, do futuro e do passado, espero por respostas e elas vêm, como se a gravidade em nada as afetasse de flutuarem para mim. Apenas meu físico adormece. E então reparo: quando os olhos de fora estão adormecidos, os olhos de dentro se aguçam. Enquanto um se fecha, o outro se abre. E me pergunto: sempre esta gangorra?

Mas então, em um dia qualquer, entre um momento que se vai e o próximo a chegar, a fusão dos olhares - do de dentro e de fora - de súbito acontece. Como se as luzes estivessem sempre apagadas, de repente detenho olhos que vêem.

(K)

Estar invisível

Adicionar legenda



Dentro de um carro, dentre muitos, a seguir em massa a linha branca do meio-fio. A chuva cobre as janelas, as gotas dão cobertura para que eu desapareça. Ilusionismo. Todos olham e nada vêem.

(K)