Estaciono a carcaça sob as cobertas, lembro de fechar seus olhos. Pareço até estar dormindo.
O ar está denso, opacamente condensado. Seu peso sobre o corpo faz parecer que a gravidade está mais disposta naquele dia. Enquanto a carne jaz sobre a cama pesando e sem querer lutar contra esta força, visito sem ele os cenários de um sonho ou outro, do futuro e do passado, espero por respostas e elas vêm, como se a gravidade em nada as afetasse de flutuarem para mim. Apenas meu físico adormece. E então reparo: quando os olhos de fora estão adormecidos, os olhos de dentro se aguçam. Enquanto um se fecha, o outro se abre. E me pergunto: sempre esta gangorra?
Mas então, em um dia qualquer, entre um momento que se vai e o próximo a chegar, a fusão dos olhares - do de dentro e de fora - de súbito acontece. Como se as luzes estivessem sempre apagadas, de repente detenho olhos que vêem.
(K)
Geralmente quando o físico está exausto, a mente se encontra mais exausta ainda. E silenciando a mente, tirando-a do cenário, as respostas e grandezas flutuam levemente até mim. Escuto-as de dentro para fora.
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