Punhos de rosas cor de sangue avançam sobre o asfalto. Penetram a fumaça lagrimogênea com suas perigosas pétalas de veludo. Vão rasgando as almas, uma a uma, sem dó ou piedade, das pobres balas de chumbo a aguardarem o comando de largada.
As ordens são gritos em berros.
As rosas avançam ferozmente em marcha lenta. Têm de ser detidas, não há outra escolha.
Primeiro o comando, depois a respiração estrangulada no peito, o som bruto e assombroso dos canos negros. A fumaça, silêncio e o ar pesado e turbulento. O mar de punhos era agora monocromático, daquela cor injusta das pétalas cor de sangue, todas deitadas no asfalto. Brotavam despedaçadas das rosas, brotavam do asfalto e dos peitos em sono profundo, dos olhos de quem tudo viu e vê, das balas de chumbo prostradas em brasa.
A dor de quem dirá que fora tudo em vão.
(K)
Muito bom! é de sua autoria, Ka?
ResponderExcluirÉ, veio num momento de quase sono...um olho no sonho outro na realidade! Nossa, receber um elogio de um escritor é para poucos hahahah
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